Edu Falaschi foi escalado para o show de abertura, que aconteceu na tarde desta terça-feira (07) em São Paulo
Aquele ditado popular do “o que importa é a qualidade e não a quantidade”, pode ser uma bela definição para a turnê do Mötley Crüe e Def Leppard que passou por São Paulo, nesta terça-feira, 07 de abril. Este show que chamou a atenção pela falta de procura por ingressos desde o seu anúncio, provou na noite de ontem que mesmo com um público reduzido, a banda pode sentir o calor do seus fãs de uma forma encantadora. E estes por sua vez, podem ficar satisfeitos de encontrar o seu ídolo e cantar suas músicas favoritas com a vibração do som correndo pelo seu corpo inteiro.
Claro que devido ao histórico da carreira de Mötley Crüe e Def Leppard, e pelo fato das bandas quase não terem se apresentado no país ao longo de todos estes anos, muita gente criou a expectativa de que Allianz Parque estaria ocupado por 40 mil fãs do hard rock neste dia (sua capacidade máxima) ou bem próximo disso. Mas, não foi o caso. O palco foi montado próximo do setor da cadeira inferior, com uma pista premium considerável, a pista comum reduzida e ambos os setores de cadeira superior e inferior se tornaram apenas um – sorte de quem tinha comprado a superior e teve uma visão privilegiada do show ontem.
Podemos dizer que foi o show de hard rock intimista, mas sem deixar de lado toda a euforia histérica dos fãs de Mötley Crüe que se vestiram a caráter, com o rosto pintado, cabelos armados e todo o guarda-roupa retirado dos anos 80. Enquanto os fãs do Def Leppard, se apresentaram uniformizados com as camisas da banda. Porém, todos, sem exceção, expressavam a ansiedade por viver aquele momento. Muitos aproveitaram para atualizar os itens colecionáveis fazendo comprar na loja oficial de merch e, após a apresentação breve de Edu Falaschi, que tocou apenas 5 músicas, a pequena multidão se aglomerou ao redor do palco e da extensão que seguia em direção às cadeiras no centro das pistas.
Mötley Crüe
Em meio ao burburinho que se formava enquanto os técnicos de palco faziam os últimos detalhes para o primeiro show principal começar, “Requiém em ré menor”, de Wolfgang Amadeus Mozart pairava no ar, dando um ar misterioso e estimulando a euforia dos fãs de Mötley Crüe que aguardavam para ver a nova formação da banda, que desta vez veio ao Brasil com John 5 substituindo Mick Mars na guitarra, acompanhando os integrantes originais Vince Neil (voz), Nikki Sixx (baixo) e Tommy Lee (bateria).
O show previsto para começar 19h30 teve sua introdução oficial apresentada por um vídeo que simulava uma notícia em um jornal norte-americano, que dizia algo sobre a banda estar em São Paulo. Foi difícil entender a mensagem devido aos gritos que começaram à surgir ao meu redor. Então, o Mötley Crüe surgiu ao som dos acordes de “Wild Side” e durante a 1h30 de apresentação, tocaram daquele jeito estridente e caótico, 16 grandes sucessos de sua carreira que levaram o público à uma euforia visceral.
O Mötley Crüe fez um show irreverente como era de se esperar. John 5 exibiu todo o seu talento técnico na guitarra, enquanto Vince Neil não surpreendeu pela sua falta de capacidade respiratória na hora de cantar, mas esbanjou elogios ao público, conquistando a simpatia daqueles que já são doidos pelo grupo como das pessoas que estavam assistindo pela primeira vez. Nikki Sixx firmou sua presença marcante e Tommy Lee não deixou passar sua “safadeza” ao pedir todo assanhado como um jovem com os hormônios à flor da pele, para que os caras colocassem as mulheres no ombro para que ele possa ver seus seios. “Show me your tatas” ele dizia rindo, e quando notou que seu pedido foi atendido, brincou dizendo “imagina se eu tivesse pedido pela vagina”.
No palco o Mötley Crüe foi acompanhado de 2 belas bailarinas que vez ou outra também participavam como backing vocals. No meio da apresentação, eles comentaram sobre o filme “The Dirt” (Est. 1981) e exibiram o videoclipe com a participação do cantor Machine Gun Kelly, logo em seguida John 5 fez um belo solo de guitarra e a banda finalizou com um medley que continha o grande sucesso “Blitzkrieg Bop”. Em “Girls, Girls, Girls” surgiram dois infláveis gigantes de mulheres que ocupavam do chão ao teto do palco, complementando todo o espetáculo visual que o Mötley Crüe propôs naquela noite. Foi um show com uma vibe insana, e por isso que eu digo que nem deu pra notar que o Allianz Parque não estava com sua total capacidade ocupada.
Confira a setlist do Mötley Crüe no Allianz Parque aqui.
Def Leppard
Depois que o Mötley Crüe saiu do palco, houve uma transição de público também. Os fãs da primeira banda se afastaram da grade dando lugar aos que vieram ao estádio principalmente para ver Def Leppard, enquanto o telão mostrava a contagem regressiva para a apresentação começar. A atmosfera do Allianz Parque mudou completamente para o segundo e último show da noite neste momento, apesar de ambos os grupos serem definidos como gênero hard rock. Aliás, as três apresentações da noite foram completamente oposta à anterior. Não sendo nem melhor ou pior, apenas diferentes.
A banda começou o show ao som de uma das suas mais recentes canções, “Take What You Want” presente no álbum Diamond Star Halos (2022), e logo em seguida Joe Elliott (vocal), que vestia uma roupa preta brilhante, perguntou ao público que eles queria “botar pra quebrar” introduzindo a faixa de 1992, “Let’s Get Rocked”, e claro que seus fãs responderam à altura. Mesmo assim, em diversos momentos da noite Joe pedia gritos e aplausos da galera que não estava tão barulhenta – provavelmente devido ao cansaço após o show do Mötley Crüe, que foi intenso.
O setlist do Def Leppard contemplou 17 faixas que caminharam por todos os anos de sua carreira, fazendo o público cantar junto, tocar instrumentos imaginários e observar os integrantes da banda com o brilho no olhar. Um dos momentos mais emocionantes da noite foi quando a banda tocou “Hysteria”, que mexeu com a memória de muita gente por ali. O baterista Rick Allen fez um espetáculo à parte em seu solo arrancando aplausos do público que o deixaram com os olhos levemente marejados e “When Love and Hate Collide”, chamou a atenção em sua versão parcialmente acústica. Por fim, o Def Leppard fechou a noite ao som de “Photograph”, exibindo imagens como um álbum de fotos no telão, que além de fotos antigas da banda também incluíram registros feito mais cedo dos fãs que chegaram mais cedo no Allianz Parque.
Segundo o nosso fotógrafo Leo Xavier, o show do Def Leppard foi algo mais próximo de um espetáculo mesmo. “Tudo milimetricamente cronometrado, sincronizado. A qualidade musical e sonora é imbatível e não há nenhuma critica musical a ser feita, apenas elogios. Já o show do Mötley, é um show mais visceral mesmo, mais rock n roll.”
Muitos fãs na saída do show comentaram entre si que esta apresentação do Mötley Crüe foi bem melhor do que a passagem anterior da banda pelo Brasil, e que o show do Def Leppard foi impecável. Portanto, apesar do público extremamente mais reduzido do que o esperado, este foi mais um show incrível que vai ficar guardado com muito carinho na memória de quem compareceu ao Allianz Parque no dia 07 de abril de 2023. Ele pode não ter sido um grande sucesso em termos de números e lucro na visão empresarial, mas com certeza foi muito positivo na relação fã e artista.
Confira a setlist do Def Leppard no Allianz Parque aqui.
*imagens retiradas do instagram oficial das bandas e do celular pessoal do Diário de Shows.