ENTREVISTA: Banda Aisles, referência em rock progressivo na América Latina.

“Se as coisas não funcionaram como planejado, seja desobediente mais uma vez e tente reconstruir sua própria história.” Germán Vergara.

Recentemente a banda chilena Aisles lançou o single ‘Disobedience’, que precede o 5º álbum da história do sexteto. Eles são referência de rock progressivo na América Latina e neste novo trabalho, resolveram ir além do esperado pelo seu público. As novas músicas compostas agregam elementos de diversos outros gêneros musicais, como hip hop e pop.

Conversei com Germán Vergana, guitarrista, compositor e produtor musical da banda Aisles, sobre essa nova fase da banda, o lançamento do álbum, questionamos sobre a vida e uma possível vinda ao Brasil. No qual, ele confessou que é uma grande possibilidade já que ele ama nosso país, nossa música e até tem um amigo que mora em São Paulo! Sim, isso foi um spoiler hahaha.

Confira a entrevista completa:

O segundo lançamento de divulgação do álbum da banda Aisles é completamente fora do padrão sonora que o público deles está acostumado a ouvir. Germán havia declarado que a banda quebrou as próprias regras nessa composição e eu quis saber sobre a reação dos fãs. Afinal, a banda é referência em rock progressivo na América Latina.

“Até agora os fãs têm apoiado muito nossa evolução. Desde o início estivemos muito abertos para experimentar e, como banda, acho que somos difíceis de categorizar. Acho que estamos forçando essa ideia de liberdadecriativa ainda mais além com o novo material. Nosso novo single “Disobedience” incorpora alguns elementos da música urbana, hip hop misturado com jazz fusion, hard rock e um Prog mais pesado. Pegamos algumas influências de Tool e The Mars Volta entre alguns outros artistas que não necessariamente se encaixam no gênero da música Prog.” – ele declarou.

Um fato importante na história do sexteto é a recém chegada do vocalista Israel. Então perguntei se essa nova fase de experimentação sonora se dava pelo fato do novo integrante. O guitarrista contou que a banda já havia conversado sobre seguir novos caminhos e ir em uma direção mais pesada e sentiam a necessidade de criar músicas que fossem relevantes na cultura de hoje.

E completou: “Com o álbum Hawaii tínhamos nos afastado simbolicamente da terra, embora musicalmente tivéssemos começado a experimentar diferentes ritmos e loops eletrônicos, alguns dos ritmos mais urbanos presentes em ‘Disobedience’ e em ‘Fast’ estiveram presentes no “Club Hawaii”, mas no todo o conceito e música eram abstratos. Agora, com o próximo álbum, queríamos ser concretos e diretos. Claro que você pode encontrar algumas das música complexas e intrínsecas que os amantes do rock progressivo gostam, mas você encontrará um rítmicos mais pesado do que antes.”

Você já fez um álbum sobre romance e literatura e também sobre a vida fora da Terra. De onde vêm essas ideias? Perguntei, e o Germán disse que “Algumas de nossas músicas tinham uma visão mais romântica da vida no sentido da singularidade do indivíduo, do heroísmo e da emotividade de nossa música. A literatura influenciou minhas letras em um estágio inicial também. Nosso último álbum foi inspirado no estado em que nosso planeta se encontra e sua possível destruição e trabalhamos em um álbum conceitual sobre a humanidade longe da terra. Para mim, livros, filmes e minhas próprias experiências de vida são grandes fontes de inspiração.”

Ainda sobre o single ‘Disobedience’, que tem uma energia rebelde, eu fiquei curiosa sobre qual era a história da sua vida pessoal até hoje, onde ele foi muito rebelde e a resposta de Vergana foi:

“Desobediência é um estado de espírito rebelde. É sobre o incentivo à rebeldia para ser livre. Eu me vejo como um rebelde de várias maneiras. Comecei a construir meu próprio caminho quando era jovem e certamente foi um projeto diferente do que meus pais ou mesmo professores de escola esperavam. Todos os sinais da sociedade e da minha família diziam que eu deveria ser engenheiro ou advogado. A sociedade valoriza demais o status e a estabilidade econômica mais do que a felicidade e a individualidade. Estudei em uma escola católica e acabei sendo ateu muito jovem. Sempre valorizei me distanciar um pouco do que os outros falam e escolher livremente o que gosto e o que não gosto. Mas todos nós podemos ser rebeldes se prestarmos mais atenção a nós mesmos. Acho que a mensagem por trás da Desobediência é: seja o mestre de sua própria vida, seja um construtor ativo de sua própria história. Se as coisas não saíram como planejado, desobediente mais uma vez e tente reconstruir sua própria história.”

Turnês

O último álbum Hawaii rendeu uma turnê pelos Estados Unidos, Europa e México. Conte-nos um pouco como foi essa experiência? Do que você mais gostou e se teve algum problema que te deixou furioso na hora, mas agora você ri?

“Foi uma das experiências mais incríveis que já tivemos. Viajar pelo mundo mostrando as músicas que você criou e vendo a reação das pessoas, compartilhando com elas … é tudo muito gratificante. Fizemos um show em Monterrey, México, onde nenhum backline que pedimos estava lá, pensamos que seria um desastre. Mas havia muitas pessoas que gostavam da nossa música, e nós conversamos com eles antes do show e decidimos que tínhamos que fazer o melhor show da nossa vida; se não atendia aos requisitos técnicos, não significava que eles não mereciam o nosso melhor. Lembro-me daquele show como uma das maiores experiências que tivemos. O público estava incrível, os bastidores estavam lotados de gente querendo nos agradecer pelo show. Eu realmente aprecio essa experiência.”

O novo álbum está prestes a ser lançado e sabemos que a matemática é certa: álbum novo = turnê. Perguntei então, quais são os planos para divulgar o lançamento ao redor do mundo e se o Brasil estaria na rota da Aisles.

“Temos planos de voltar aos EUA, México e Europa. Queremos ir ao Brasil pela primeira vez como uma banda com certeza. É um país maravilhoso, pessoas incríveis … Eu pessoalmente tenho uma ligação forte com o Brasil, amo a música. Nosso primeiro tecladista foi brasileiro e tenho outro grande amigo meu que mora em São Paulo.”

Para fechar a entrevista, eu fiz aquela pergunta clássica sobre qual foi o show que entraria para o Diário de Shows da Aisles e também como fã, qual foi a apresentação mais inesquecível para o guitarrista. Germán confessou que “Provavelmente nosso show mais memorável até agora foi abrir para o Marillion em 2017 por causa do que significou tocar com uma banda que amamos e também para o público.” E completou dizendo que o melhor show que já assistiu foi da banda Radiohead, no Chile.

Nesta semana a banda lança mais um single.  Sobre ‘Megalomani’, o guitarrista declarou que “as letras são inspiradas no “uso do prazer para encobrir a dor. É como dizer que a beleza vai te arrastar para baixo, vai levar sua alma, vai curar sua ferida”. 

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