Imagens: Rafael Andrade
O anúncio da produtora Gig Music causou grande agito nas redes sociais no final do ano passado. Após 12 anos, o Underoath voltaria ao Brasil. O retorno foi no sábado, 27 de janeiro no VIP Station
Um curioso atraso de 30 minutos para a abertura dos portões aconteceu, forçando a banda de abertura, o Gloria, a iniciar também atrasado. Os fãs que aguardavam do lado de fora recorreram à cerveja para se esquentar na noite fria e chuvosa que caía sobre São Paulo.
Era minha primeira vez assistindo um show no VIP Station. Não sabia o que esperar. O acesso é um pouco difícil mas vale a pena. A casa é bem compacta, muito bem climatizada e o palco é bem visível de qualquer ponto.
O Gloria tem uma história de muita luta no hardcore brasileiro. Fizeram muito sucesso nos anos de ouro da MTV Brasil, tocaram em diversos festivais de grande nome, tendo a apresentação do Rock in Rio de 2011 sendo responsável por apresentar o Sepultura ao seu futuro baterista, Eloy Casagrande, ficaram fora da grande mídia por algum tempo e voltaram com tudo. Após duas apresentações lotadas com o NX Zero no Allianz Parque (leia aqui como foi), a banda fez mais uma apresentação memorável para um grande público. Desde o momento em que pisaram no palco, ficou claro que estávamos prestes a presenciar algo grandioso. O vocalista Mi Vieira, sempre sorridente, interagia muito com a plateia e levava todos à loucura. O público estava completamente entregue à atmosfera eletrizante criada pela banda.
Lucas Silveira e Thiago Guerra, do Fresno, estavam na plateia. Isso confirmou o que todos já esperavam no momento que os dois desapareceram: Lucas subiu no palco e cantou “Horizontes” com a banda. A música, presente no álbum (Re)Nascido (2012), foi a mais celebrada pelo público. Lucas finalizou sua participação saudando o Gloria e destacando a trajetória de muita luta na cena musical. Além dela, mais canções presentes foram “A Cada Dia”, “Bicho do Mato”, “Vai Pagar Caro por Me Conhecer”, “A Arte de Fazer Inimigos”, entre outras.
O Gloria vem colhendo os frutos de um trabalho árduo de mais de 20 anos e anunciou hoje uma turnê de 22 datas comemorando os 15 anos do lançamento do álbum Gloria (2019). Os ingressos começam a ser vendidos na quinta-feira, 01 de Fevereiro, às 19h.
O retorno triunfal do Underoath a São Paulo foi um daqueles momentos que ficarão gravados na memória de todos que tiveram a sorte de testemunhar esse espetáculo incrível. Do início ao fim, a banda demonstrou uma vitalidade contagiante que transformou o show em uma celebração única. A intensidade dos riffs combinadas com a presença de palco do guitarrista James Smith, a precisão da bateria de Aaron Gillespie e a ressonância da voz de Spencer Chamberlain criaram um coquetel sonoro que capturou a essência única do Underoath. Eles não apenas entregaram; eles superaram todas as expectativas. Spencer desceu para cantar na plateia diversas vezes, aumentando os ânimos do público e adicionando ainda mais energia na apresentação.
Em determinado momento, um fã que estava nos ombros de um amigo levantou um cartaz pedindo que a banda tocasse “When The Sun Sleeps”. Spencer foi sincero quando viu o cartaz. Disse que ia partir o coração do garoto, que ninguém liga para essa música no resto do mundo então eles não a ensaiaram. Ele fez duas promessas: que não vai demorar mais 12 anos para voltar, e que se todo mundo ali voltar com eles e levarem os amigos junto, que então nessa próxima vez vão tocar “When The Sun Sleeps”.
Em resumo, o show do Underoath não foi apenas um concerto; foi uma celebração da música, da comunidade de fãs e do reencontro emocionante entre uma banda incrível e seu público apaixonado. Durante 1h15 seus maiores clássicos foram tocados, mesclando com músicas mais atuais. Que venham mais apresentações e que a energia vital que presenciamos em São Paulo continue a ecoar nos palcos ao redor do mundo.