A noite de sábado foi regada a emoção, nostalgia e o prazer de retornar aos palcos.
Dia 02 de outubro de 2021, o palco do Tom Brasil se iluminou para receber Zeca Baleiro. O público se aconchegou em suas mesas e entre eles estavam alguns casais apaixonados, amigos reunidos e famílias, todos ansiosos para prestigiar depois de um longo hiato, o retorno aos palcos do artista brasileiro.
Com quase duas horas de espetáculo, Zeca promoveu uma noite emocionante e cheia de reflexões para seus fãs. Quando a cortina se abriu, o cantor deu início ao show de forma introspectiva ao som de ‘Por Minha Rua’. Mas, logo em seguida, ele já pegou seu violão e o refrão de ‘Quase Nada’ foi acompanhado das palmas do público. Talvez, tenha sido um aquecimento proposital, uma vez que em ‘Flor da Pele’ , os ânimos estavam um pouco mais elevados, combinando com o frenesi das luzes vermelhas e azuis do palco.
Logo na primeira pausa para interagir com os fãs, Zeca Baleiro emocionado agradeceu a presença de todos e perguntou quem estava saindo de casa para ir à um show pela primeira vez, após algumas mãos levantadas, ele declarou “sair pra show é uma ato de coragem mais do que de amor. Amor e coragem…” E a resposta foi “só por você”, algumas pessoas gritaram, arrancando um sorriso tímido do cantor. E então, ele disse que também era a primeira vez dele, “a primeira vez a gente nunca esquece, obrigado de coração”.
Depois dos versos apaixonados de ‘Meu Amor, Minha Flor, Minha Menina’ , uma fã gritou “Lindo!” e Zeca educadamente respondeu “São os seus ouvidos” com uma risadinha ao final. Eu adorei a resposta dele, porque realmente, a gente acaba se encantando pelo ouvir!
Durante mais um momento de interação com o público, Zeca Baleiro confessou ser um noveleiro. “Eu era muito noveleiro quando criança, nossa especialidade era anos 70. Ela tinha um papel como instituição cultural, ela tinha trilhas muito interessantes e eu por exemplo posso dizer que conheci alguns artistas que tinham uns lado B tipo Cassiano na novela Locomotivas” e então começou a dedilhar em seu violão e cantar o grande sucesso “Eu sei que você gosta de brincar de amooorees” (Coleção 1976).
Em seguida, começou a brincar de quiz com os fãs. Ele tocava grandes sucessos como “Pra Que Vou Recordar o que Chorei” de Carlos Dafé, “Irmãos Coragem” de Paulinho Tapajós, “O Bem Amado” (Toquinho/Vinícius de Moraes) e “Pedras que Cantam” de Fagner e perguntava de qual novela era.
Toda essa brincadeira para dizer que as trilhas de novela para o compositor ou interpreta era algo muito importante para a carreira. “Quando toca na radio fico emocionado e isso aconteceu comigo na canção ‘Bandeira’, que entrou na novela ‘Por Amor’ e eu fiquei emocionado. Liguei pra minha mãe e contei a novidade, um mês depois ela tocou numa cena lindo num beijo longo do Antonio Fagundes e a Cássia Kis. Depois ele se apaixonou pela outra e nunca mais minha música tocou” – declarou com uma gargalhada.
Retomando os grandes sucessos da sua carreira, Zeca Baleiro acompanhado do coro do público canta “Ai que Saudade d’Ocê” e faz também um cover emocionando de “Só Hoje” (Jota Quest). E pela primeira vez ao vivo, o cantor presenteou o seu público com o seu mais novo sucesso composto em parceria com Chico César durante a pandemia “Respira”.
Neste momento, ele pediu uma salva de palmas para os mortos e os sobreviventes do covid19. “Viva a vida apesar de tudo!”. Claro que nessa hora, houve gritos de “Fora Bolsonaro!” e até alguns de “Fora PT”. Vendo que os ânimos da plateia estavam começando a se exaltar de forma não tão positiva, Zeca com muita educação e postura declarou “Fora Bolsonaro, não é questão de partido político, é fora Bolsonaro e pronto. Vamos voltar pra música que isso que a gente veio fazer aqui hoje”.
O cantor também relembrou que foi visitar a família no nordeste e seu primo lhe apresentou um cantor que o cativou, então, fez uma homenagem à ele tocando o hit “Eu Já Peguei Coisa Pior” (Tierry). As gargalhadas rolam soltas neste momento! E já no final da apresentação, o soul music de “Envolvidão”, o rock ‘n roll de “Heavy Metal do Senhor”, e o grande hit “Telegrama” fizeram o público mais uma vez cantar em alto, bom som e com os braços balançando ao ritmo da música.
Para fechar a apresentação, o setlits do bis foi composto por ” O Tempo Não Espera”, “Proibida pra Mim”, seguida de apenas uma palinha de “Por Onde Andará Stephen Fry?” e então, veio o sucesso “Lenha”. Claro que os fãs pediram a famigerada “Toca Raul”, no qual Zeca Baleiro e sua banda se despiu da versão poeta da MPB e deixou o rock nacional com sua postura irreverente tomar conta, finalizando a noite deixando o público quase sem ar.
Esta foi a primeira vez que assisti Zeca Baleiro ao vivo e confesso que me surpreendi. Não pela qualidade musical e estrutura do show, mas pelo seu comportamento. Ele é dinâmico, carismático e esbanja gentileza e apreciação pelo público e principalmente pela sua arte. Sem dúvidas, a noite deste sábado entrou para o hall dos shows mais gostosos que já assisti.