Foto: Gustavo Momberg
Após 8 anos da última visita, a banda de Metal Industrial cansou pescoços e fez cabelos voarem com a turnê The Machine Will Rise.
Em 2020 houve a maior baixa na carreira da banda até hoje: o vocalista Burton C. Bell, após 30 anos sendo o único membro contínuo na banda, anunciou sua conturbada saída. Não houve um comunicado detalhando os motivos da ruptura, somente trocas de acusações dos dois lados, dando a entender que o processo não foi nada amigável.
A banda abriu um financiamento coletivo para custear a gravação do álbum seguinte, o último a contar com Burton no vocal, Agression Continuum (2021).
Com a saída do vocalista e a proibição dos shows ocasionada pela pandemia do Covid-19, parecia que seria o fim da banda.
A situação mudou quando, em fevereiro de 2023, o Fear Factory anunciou o italiano Milo Silvestro como seu novo vocalista, que colocou o óleo que faltava na máquina e deu a energia que a banda precisava. Completando a escalação, a banda desembarcou no Fabrique Club ontem (06 de junho) com Dino Cazares (guitarra), Tony Campos (baixo) e Pete Webber (bateria) em apresentação única no Brasil.
Antes do início do evento, o merchandise do Fear Factory já estava esgotado, mostrando que os fãs sentiram falta da banda.
O aquecimento da casa ficou por conta do Skin Culture. A escalação da banda de Groove Metal, que está comemorando 19 anos de carreira, foi um grande acerto da produção do evento, pois foram capazes de levantar os ânimos de uma plateia tímida que ainda começava a se formar numa terça-feira à noite. Antes de finalizar o show, a banda fez uma homenagem emocionante ao ex-empresário e ao ex-baixista, que foram vitimados pela pandemia do Covid-19.
Às 20h30 foi a vez do Korzus colocar fogo no palco. Gritando clássicos como Correria, Truth e Discipline Of Hate, os veteranos do thrash metal liderados por Marcello Pompeu, mostraram que o underground continua muito vívido e pesado. Acompanhado por Rodrigo Oliveira (bateria), Antonio Araújo e Heros Trench (guitarras) e Dick Siebert (baixo), Pompeu manteve a plateia pulando e rodando no mosh pit, me fazendo pensar se sobraria energia para curtir a atração principal da noite.
Com alguns minutos de atraso, o Fear Factory entrou no palco com a dupla Schock e Edgecrusher, do clássico álbum Obsolete (1998).
A banda se movimentava muito, interagia com a plateia e pegava os celulares de quem estava na primeira fila para zoar e filmar de cima do palco.
O público mostrou que aguentava mais porrada depois do Korzus e abriu mosh pit, cantou e gritou os nomes dos membros da banda.
Uma das coisas que mais chamou atenção foi o timbre dos instrumentos, especialmente o baixo de Tony Campos, que atingia a todos como uma metralhadora. Milo, visivelmente o mais empolgado entre os quatro, agradecia o tempo todo pela presença do público em plena terça-feira. Ele, que é muito comparado com Burton C. Bell por conta da semelhança física (os dois possuem até o mesmo corte de cabelo), e pelo timbre de voz que lembra o Burton mais novo, se mostrou a melhor escolha possível para assumir a posição de frontman.
Um ponto curioso é que a única música tocada do último álbum, Agression Continuum, foi a faixa Disruptor. É estranho, pois a banda aparenta não querer promover o disco novo na turnê, focado principalmente nos clássicos para apresentar o novo vocalista.
No final do show, Dino pegou o microfone e dedicou a música Martyr aos irmãos Cavalera e o Sepultura, por terem levado o Fear Factory em sua primeira grande turnê nos anos 90.
O show foi encerrado com os dois clássicos Scapegoat e Ressurection, dando fim ao jejum de 8 anos da Machine sem pisar no Brasil.
Após 1h do fim do show, a banda saiu, carregou os instrumentos na van e atendeu os fãs com fotos e autógrafos. Milo estava muito feliz com a atenção recebida, pediu para que os fãs fizessem perguntas e prometeu voltar em breve. Essa atitude conta muito para os fãs antigos e recruta novos, mostra que se importa com a história da banda e que quer ser aceito.
Agradecemos ao Milo e ao Fear Factory pela porrada no palco e pelo show de simpatia do lado de fora, estamos todos ansiosos pelo futuro que a Machine promete. Como fã de cultura Steampunk e ficção científica no geral, não custa sonhar com um filme da franquia Terminator com a trilha sonora inteira do Fear Factory, não?