Apresentação celebrou os 26 anos do lançamento de Baduizm, álbum de estreia da artista
Em uma noite calorosa e de plateia ansiosa, Erykah Badu subia ao palco, neste domingo (22), na primeira edição do Nômade Encontros – uma extensão do #MundoNômade, plataforma que abriga o Nômade Festival e outros eventos musicais da marca. A norte-americana, uma das grandes expoentes do neo-soul, atrasou cerca de 40 minutos para se apresentar e finalizar o evento, que ainda contava com Larissa Luz, Anelis Assumpção, Gilsons e Majur no line-up.
A primeira edição do Nômade Encontros deu o que falar alguns meses atrás, assim que foi anunciado. Isso porque o line-up não era exatamente esse. A organização havia divulgado também Céu e Bala Desejo, ou seja, artistas brancos que abririam para uma atração de soul e black music. Definitivamente, a ideia não pegou bem. Eu, particularmente, sou fã e acompanho tanto o Bala Desejo como a Céu, mas convenhamos, com tantos artistas representativos, não fazia sentido eles ali. A repercussão foi enorme, até os próprios decidirem fazer um comunicado anunciando suas devidas saídas do evento. Foi aí que a organização se pronunciou e resolveu, de fato, reformular o line-up – mantendo apenas os Gilsons.
“Mais uma vez, agradecemos os comentários e indicações, e permanecemos aqui, escutando e construindo o #MundoNômade com vocês” – era o que dizia o post nas redes sociais assim que foi feita a “correção”. O Nômade Encontros foi como um esquenta para a edição Festival, que rola em maio, trazendo dois dias de música com Seu Jorge, BaianaSystem, Nando Reis, Alcione e outros grandes nomes no line-up. Os ingressos, inclusive, já estão à venda.
O cenário final do evento deste domingo, no entanto, foi de muita música de qualidade durante toda a tarde, fechando com o ícone Erykah Badu em sua melhor forma. Cheia de carisma, presença de palco e com uma banda de arrepiar – literalmente -, a artista subia ao palco com a turnê comemorativa dos 25 anos de seu disco de estreia, o Baduizm, de 1997. Misteriosa e com figurino poderoso, foi recebida aos gritos por todos os cantos do Memorial da América Latina. Era impossível estar naquele ambiente e não ser completamente imerso por sua voz. Badu conseguiu facilmente se conectar com a plateia e, claro, aproveitou para dizer que “sempre que vem ao Brasil se sente em um ritual”. On & On, Appletree, claro, não ficaram de fora do repertório.
Outro diferencial foi o telão, que exibia imagens psicodélicas e que remetiam a galáxias e naves espaciais, além de luzes que trabalhavam em conjunto com Badu e a banda. À pedido dos fãs, ela cantou “Bag Lady” e, ainda, foi até a grade da plateia, apontando o microfone para que os fãs cantassem junto. Foi neste momento que a puxaram, até ela pedir – com simpatia – para que a banda parasse a música. Ela deu o recado: “Não vou a lugar nenhum, não precisam me puxar”.
O show terminou por volta das 22h15, com uma sensação entre todos ali presentes de uma evidente redução no número de músicas do setlist devido ao atraso inicial – a previsão era de o evento acabar às 22h. Foi nessa hora que a plateia se olhava pensando que ela possivelmente voltaria para um bis. No entanto, não foi o que aconteceu. Ao finalizar com Next Lifetime, Badu deixava o palco. No mais, finalizo agora com uma frase que disseram do meu lado: “Essa mulher é um E.T.”. E talvez ela seja mesmo – no maior e melhor dos sentidos.
*Imagem de capa: Divulgação/Rafael Strabelli