“Se você esteve lá, vai se arrepiar. Se não esteve, bem vindo a bordo.” Paulo Ricardo.
Paulo Ricardo era um jovem jornalista em uma revista de música quando conheceu Ney Matogrosso. E foi então a vida dele nunca mais foi à mesma. Ney indicou a banda de Paulo para o empresário Manoel Poladian, e acabou se tornando o responsável por produzir o show histórico que aconteceu em 1985. Anos depois, dia 4 de setembro de 2021, os fãs puderam reviver este momento tão marcante do rock nacional, na Audio em São Paulo.
Neste sábado, os fãs da Radio Pirata finalmente comemoraram o show de 35 anos da banda. Um evento com algumas novas orientações devido à pandemia, mas que não foi impedimento algum para o público esbanjar alegria e muita emoção durante toda a noite.
Quando o relógio marcava poucos minutos depois das 21h, os fãs começaram a chamar seu ídolo. “Paulo Ricardo, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!”. Bem estilo anos 80/90 (aliás, porque a gente não faz mais isso? hahah). A nostalgia pairava no ar, enquanto todos estavam acomodados em suas cadeiras que lotaram a pista da casa de shows, que estava funcionando com capacidade reduzida devido à pandemia.
O setlist foi o mesmo apresentado em 85: Radio Pirata, Revoluções por Minuto, Alvorada Voraz, A Cruz e a Espada, Naja, Olhar 43, Estação no Inferno, London London e Flores Astrais. Toda a estrutura de palco também foi idêntica ao produzido por Ney naquela época, onde ele se inspirou no filme Blade Runner, adicionando raio lazer e neon por toda a extensão do palco. Foi uma viagem no tempo pra quem esteve presente em um dos 250 shows que aconteceu para mais de 2,500,000 pessoas em 1985. E uma surpresa para quem assistiu pela primeira vez, assim como eu.
O maior desafio da noite para o público foi manter-se sentado em seus lugares enquanto o rock raiz dos anos 80 rolava solto. Nesse momento, o camarote foi privilegiado mais do que nunca. Afinal, em cada espaço de quem reservou seu lugar ao céu da Audio, os fãs puderam pular e dançar sem grandes restrições. Os casais apaixonados bailavam juntinhos e a sensação de saudade matada tanto da banda por estar no palco, quanto de quem estava assistindo e cantando as músicas que marcaram anos de suas próprias vidas, era emocionante.
“Bem vindos aos anos 80” Paulo dizia enquanto a banda faziam solos que demonstravam o motivo pelo qual eles foram um dos grandes nomes do rock naquela época. “LINDO!” e todos os tipo de gritos ensandecidos aumentavam de volume em cada pequeno intervalo da apresentação.
Quando o teclado começou a soar com seus acordes suaves de “London, London” o publico se manifestou com aquele famoso “aaaaaa” e assobios enquanto Paulo Ricardo disse: “essa foi a música que deu origem a Radio Pirata ao vivo”. Então, ele vestido com sua jaqueta de couro vermelha e o braço apoiado no pianista, começou a cantar de forma tão sensível que o público acompanhou em coro. Definitivamente um dos momentos mais emocionantes do show. “Eu sabia que vocês sabiam a letra.” – ele declarou no final da canção.
O vocalista esgotou todo seu carisma durante a apresentação. Pediu uma salva de palmas para Pedro Augusto, que estava fazendo o show de estreia nos teclados, homenageou Ney Matogrosso e não poupou agradecimentos a toda sua equipe e da casa de shows. “Que delicia esse recomeço” – ele desabafou e prometeu: “Essa radio não vai parar nunca!”.
No final do show, o público não se conteve e correu para frente do palco atropelando mesas e cadeiras. Fãs levaram os discos de vinil e levantaram como bandeiras ao som da última música. E na saída, comentavam emocionados como Paulo Ricardo é simpático e o show tinha sido incrível. Eu que assisti Radio Pirata ao vivo pela primeira vez, confesso que fiquei surpreendida e eles ganharam um espaço no meu coração.